quinta-feira, 13 de maio de 2010

Casas Invisíveis

Rua Moreira cesar, berço da moda de Icaraí, cartão postal da cidade de Niterói. Pela rua, perambulam três meninos com feições de desacato. Pés descalços, sem camisas, com bermudas sujas e estampadas. Duas meninas, os seguem pela calçada. O mais velho, ao passar por uma cafeteria, rouba biscoitos da mesa, onde duas moças faziam seus lanches. Coloca os biscoitos no bolso da bermuda e aproveitando o congestionamento, ziguezagueia através dos carros, correndo
para a outra calçada. Do outro lado da rua, Uma livraria em promoção, tráz à porta o seu dono que atento observa velocidade da corrida, folhear as páginas de um livro didático. "Uma Escola para o Povo" de Maria Tereza Nildecof. Fotografando, vejo à minha frente, equilibrando-se sôbre os canteiros nas calçadas, pisando em algumas plantas e flores. Do outro lado da rua, um dos adolescentes, chutava garrafas pet, copos e sacos de lixo. Um outro, como que aproveitando a meia parada dos carros, corre para atravessar a rua e ficar atrás de uma banca de jornais. E alí, agachado, tem a sua camiseta, enrrolada em suas mãos, para disfarçar um vidro com cola de sapateiro que já vinha cheirando há alguns quarteirões. Ao me ver com a câmera, faz um sinal de aviso e fala entredentes: " Posso quebrar essa pôrra!" Não revido a ameaça e penso comigo mesmo: Mostrarei muito mais do que pessoas, objetos e agressões. Mostrarei "O QUE NÃO SE VÊ." Alguns deles, moram no final da praia de Icaraí, atrás de muros altos dos restaurantes com todos os seus pertences. Destaco três importantes objetos: Uma banheira de plástico com um bêbe em seu interior, brincando com um caranguejo morto; Uma enorme mala, dessas que não se usam mais por ser muito pesada; Duas mochilas; Espumas de colchonetes; Um fogão, improvisado com pedras ; Várias latas de diversos tamanhos e cobertores. Fotografo a mãe, ensaboando o neném na água do mar.

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